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::Cinema-Bis::
Contamination - Alien Arriva Sulla Terra
Título(s) Alternativo(s): Contamination, Alien Contamination, Contamination: Alien on Earth
Título Nacional: Alien - O Monstro Assassino
Direção: Lewis Coates (Luigi Cozzi)
Elenco: Ian McCulloch, Louise Marleau, Marino Masé, Siegfried Rauch
Ano: 1980
País: Itália
Duração: 95 min
Sinopse: Polícia intercepta barco deserto, carregado de café proveniente da Colômbia, que chega clandestinamente a Nova Iorque. Após descobrirem os cadáveres da tripulação morta de forma grotesca, com os estômagos explodidos de dentro para fora, inicia-se uma investigação, sob a batuta do departamento de defesa, que revela uma conspiração orquestrada por aliens para conquistar a Terra.
Comentário
E os italianos atacam novamente! Como a sinopse já entrega, temos aqui mais uma cópia carcamana de filmes de sucesso americanos. No caso, evidentemente, o filme plagiado é Alien - O 8º Passageiro, de Ridley Scott, lançado apenas um ano antes. A diferença mais marcante é que, em Contamination, a história se passa na Terra e não no espaço sideral, daí, inclusive, a razão de ser do subtítulo original da película: Alien Arriva Sula Terra. Bem, é claro que há outras diferenças, como o fato de que o Alien original seja um baita filme e o Contamination, na melhor das hipóteses, passe um ponto acima do total desastre.

O diretor, Luigi Cozzi, fã declarado de ficção científica, transformou o que seria uma mistura, na cabeça tresloucada dos produtores, de Alien com filmes de ação à lá James Bond (fico só imaginando a bomba que teria sido isso), em uma fita de fantasia bem abaixo do mediano. Nessa metamorfose, o filme se perde em uma infinidade de erros. A mais evidente é a forçação de barra em relação aos ovos dos aliens. Se no clássico original de Ridley Scott a razão pela qual as abjetas criaturas saídas dos ovos lançavam-se sobre os homens era bem explicada (usavam-nos como incubadores), em Contamination não há nenhuma explicação. Aliás, não há nem criaturas. Os ovos simplesmente explodem, sabe-se lá por quê, e espargem um líquido verde e gosmento que atinge quem estiver por perto.

Também não há perda de tempo. Assim que o infeliz é atingido pela gosma, seu estômago explode imediatamente. É claro, a sensação que fica é de pura gratuidade. Aliás, a opção de Cozzi por filmar em slow motion todas as sangrentas explosões de ventres, o que ocorre com muita freqüência no filme, acaba por incorrer em redundância. Depois da segunda ou terceira vez, a cena, repetida ad nauseam, perde todo o seu impacto e passa a ser, apenas, aborrecida. Se o diretor tivesse alternado slow motion com tempo normal, talvez mediante um corte brusco de câmera, quem sabe tivesse conseguido escapar da obviedade e ter até surpreendido o espectador. Mas isso não acontece.

Outro defeito grave é a péssima iluminação nos momentos mais gore, e também na cena final, em que somos apresentados à mamãe alien (um monstrengo de borracha meio tosco) responsável pela incessante desova. É impossível não desconfiar que o negócio foi proposital, com o objetivo de esconder nas sombras a precariedade da produção e dos efeitos especiais, fato esse, ademais, confessado pelo próprio Cozzi na entrevista que acompanha o DVD.

Também as cenas de ação ficam devendo, o que demonstra a evidente falta de interesse do diretor em realizá-las, embora, devamos ser justos, não sejam tão constrangedoras como em outros filmes italianos do período. De todo modo, que não se alimentem ilusões, o nível, ainda assim, é sofrível. Afinal, o que dizer de um verdadeiro exército, ajudado por um extraterrestre com poderes psíquicos, que não é capaz de dar cabo de três reles intrusos americanos? E olha que eles ainda queriam dominar o mundo! Nem nos filmes do Rambo os malvados são assim tão ineptos.

Apesar disso, é possível pescar alguns (poucos) trechos interessantes no filme, como o início, quando o helicóptero aborda o barco clandestino (há um certo clima de Zombie, de Lucio Fulci) ou quando os policias invadem o navio escuro à procura da tripulação e deparam, apenas, com cadáveres dilacerados. Nesses momentos, há razoável dose de suspense. Também vale ressaltar a boa atuação de Ian McCulloch (também ator no famoso Zombie), no papel de um ex-astronauta demitido do serviço e que se incorpora ao grupo de investigadores americanos na pista dos aliens. A única boa atuação, diga-se de passagem, em todo o elenco.

No curso do filme, entretanto, a narrativa e a história se desagregam e ficamos a bocejar até perto do final. Somente quando os investigadores chegam à Colômbia e descobrem que os ovos de aliens são cultivados em uma pretensa fazenda de café (eles necessitam de calor), dirigida por um ex-astronauta americano, que voltou de Marte psiquicamente dominado pelos extraterrestres (sim, revelei o final...), é que o filme ganha novamente um pouco de fôlego. A seqüência derradeira da confrontação entre os investigadores e o monstro responsável pela desova, ainda que peque por ser muito lenta, tem um clima interessante, principalmente em razão da peculiar iluminação, que, propositalmente ou não, lembra, surpreendentemente, a dos momentos finais de Suspiria, de Dario Argento (quando a atriz Jessica Harper enfrenta as bruxas diretoras da escola de balé).

Há diversas referências, algumas muito distantes, a outros filmes de ficção científica, para além do óbvio Alien, como a O Mundo em Perigo, de Gordon Douglas, e The Quatermass Xperiment, de Rudoplh Cartier, o que confere uma aura de tributo (sejamos condescendente com o Cozzi) ao filme. No fim, contudo, a conclusão que se tira é que o diretor, amante honesto de ficção científica, deveria ter ficado, prudentemente, do lado da platéia.
Fabrizio Barberini
20/03/2005
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