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::Cine-Apelação::
Yakuza keibatsu-shi: Rinchi - shikei!
Título(s) Alternativo(s): Yakuza’s Law: Lynching; Joy of Torture: Yakuza Law
Título Nacional:
Direção: Teruo Ishii
Elenco: Teruo Yoshida, Ryutaro Otomo, Bunta Sugawara, Masumi Tachibana
Ano: 1969
País: Japão
Duração: 96 min
Sinopse: Três episódios com histórias envolvendo violações aos códigos de ética da Yakuza.
Comentário
Teruo Ishii é conhecido no Japão como o “Rei do Cult”. Aos oitenta e um anos, ele continua na ativa, dirigindo vídeos independentes. Mas nas décadas de sessenta e setenta, foi responsável por verdadeiras pérolas da apelação cinematográfica, sob o aval do estúdio Tohei. Apesar de não ser historicamente o pai da violência explícita em película – esta honra é de seu amigo Nobuo Nakagawa, o grande mestre do horror japonês- Ishii foi o cineasta que levou o cinema nipônico ao extremo. Talvez suas atrocidades fílmicas somente tenham sido igualadas (ou superadas) na década de noventa, com Takeshi Miike. Dono de uma extensa e eclética filmografia que abrange gêneros diversos como terror, policial e até ficção científica, talvez o cineasta ocidental cuja obra mais se equipare à sua seja Lucio Fulci, com a diferença que Ishii já mostrava sangue e tripas na tela bem antes do italiano.

Yakuza’s Law apresenta episódios onde é mostrando o destino cruel dos membros da Yakuza que infringem as leis internas da organização. A abertura do filme já é um showcase de atrocidades, mostrando nos créditos iniciais cenas de torturas cometidas nos três períodos históricos que o filme abrange. Quando vemos coisas como um oriental tendo seu olho queimado com uma lupa contra a luz do sol, ou outro tendo a testa marcada por ferro quente, sabemos tratar-se de um filme do Teruo Ishii.

A primeira história se passa no Japão feudal, talvez abrangendo os primórdios da Yakuza, e mostrando o que acontece quando se viola as leis de não roubar o chefe e não se envolver com mulher casada. Dois clãs travam uma batalha, observados por um dos líderes. Dentre os combatentes, vemos dois que se escondem entre os arbustos. Enquanto um foge em pânico, outro se revela um verdadeiro trapaceiro: ri dos companheiros que arriscam a vida na batalha e, ao final, pega um cadáver e o golpeia com a espada para fingir que lutou. Para encurtar a história – complexa para um segmento de apenas trinta minutos - o chefe do clã descobre que o guerreiro em pânico não o honrou na batalha, e resolve castigá-lo. Um outro, apaixonado pela irmã do fujão, acaba assumindo a culpa, e é punido em seu lugar com a tradicional amputação de dedo. No final, três samurais são torturados, depois de um enredo envolvendo furto à casa de jogo do chefe, adultério, chantagens, e estupro. Inacreditável a cena onde um dos samurais arranca o próprio olho e joga na cara do chefão, antes de partir para cima dele.

O segundo segmento mostra as conseqüências de prejudicar o clã e retornar após ter sido banido. Situada no início do século, num período de transição – os mafiosos ainda usam quimonos e espadas, mas já possuem cabelos curtos – a grande diferença é o surgimento das autoridades, perseguindo os criminosos. Ogata, membro de uma das facções da Yakuza, invade a mansão de um clã rival sem o consentimento de seu chefe. Mas tudo não passava de uma armadilha arquitetada por um de seus colegas, Iwagiri. Com isso Ogata é expulso da organização e banido de seu bairro, acabando por ser preso pela polícia. Após passar três anos no xadrez, ele retorna e descobre que sua mulher arrumou com um outro homem. Quando seus antigos companheiros de crime, liderados por Iwagiri, o encontram, além de aplicarem uma punição – esfolam sua mão entre duas garrafas quebradas – ainda armam um duelo entre ele e o amante de sua ex-mulher. Ao final, Ogata descobre o plano de Iwagiri e se vinga.

A última parte do filme nos leva ao final dos anos sessenta. Agora em um cenário urbano contemporâneo, espadas dão lugar a pistolas. Este é o trecho mais interessante do filme, mas também o mais confuso. Aqui vemos que mentir e tentar destruir a organização implica em eliminação. O segmento abre com os mafiosos capturando e dando o devido corretivo em um traidor que roubou uma maleta com barras de ouro de seu chefe - inacreditável a cena onde o chefão, a bordo de um helicóptero, arrasta o homem às margens de um lago, esfolando-o vivo. Infelizmente, este episódio final sofre do mesmo problema do primeiro, muita coisa para pouco tempo, deixando tudo corrido e confuso. Resumindo, o que segue é uma história sobre traição apresentando japonesas seminuas, tiroteios e perseguições de carro entre gangues rivais e um matador de aluguel cobrando por serviços não pagos, todos em busca da maleta com o ouro. Cabe ressaltar o impagável o método de detecção de traidores utilizado pelo mafioso que fica brincando com um iô-iô e assoviando repetidamente o tema do filme – através do cheiro – e o desfecho antológico e sacana, digno de um Sergio Leone em seus momentos mais inspirados.

Apesar de este ser um filme problemático, que não representa o melhor de Ishii, nem por isso é um filme ruim. Yakuza’s Law acaba se tornando interessante, até pelo inusitado de mostrar a evolução histórica da máfia japonesa. A sensação que temos é que, com o passar das décadas, os membros da Yakuza se tornaram cada vez mais desonestos e cruéis, pois nos primeiros segmentos, vemos ainda certa honra nos protagonistas.

Fábio S. Ribeiro
06/04/2005
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