|
|
| ::Cinema-Bis:: |
| La Endemoniada |
|
Título(s) Alternativo(s): The Possessed, Demon Witch Child
Título Nacional:
Direção: Amando de Ossorio
Elenco: Julián Mateos, Marián Salgado, Lone Fleming, Angel del Pozo
Ano: 1975
País: Espanha
Duração: 90 min
Sinopse: Menina possuída pelo espírito de uma bruxa passa a agir de maneira incomum. |
|
| |
Vamos a mais uma imitação de O Exorcista produzida na década de setenta. Desta vez, os responsáveis pela “chupação” foram os espanhóis, através de seu maior mestre do cinema de horror, Amando de Ossorio. Um dos pioneiros do gênero na Espanha no final da década de sessenta, Ossório se tornou conhecido entre os fãs do terror mundo afora por sua tetralogia dos zumbis templários, iniciada em 1971 com La Noche del Terror Ciego.
Enquanto rolam os créditos iniciais, vemos uma velha destruindo o altar de uma igreja e acendendo uma vela aos pés de uma estátua do demônio. Trata-se de uma bruxa, feia feito o cão chupando manga, que além de profanar o templo católico, raptou um bebê para oferecê-lo em sacrifício ao capeta. As autoridades acabam descobrindo que a velha é responsável pelo desaparecimento da criança, e o comissário de polícia determina uma batida no “terreiro” da pagã. Depois de rogar algumas pragas sobre os policiais, já na delegacia, a velha assume que pegou a criança, mas diz que jamais irá revelar o paradeiro dela. Quando um dos detetives afirma que ela irá falar mediante pentatol de sódio, o “soro da verdade”, a feiticeira se atira da janela.
Jurando vingança, uma cigana seguidora da bruxa presenteia a filhinha do comissário com uma boneca – na verdade, uma imagem do cramulhão entalhada em madeira – a escondendo dentro do urso de pelúcia da menina. É quando o espírito da velha deixa seu corpo morto e encarna na garota, que passa a manifestar os já conhecidos sintomas de possessão demoníaca: xingamentos, contorcionismos corporais, telecinese, etc. Mas essa cópia, para não perder a graça, traz novidades curiosas. Uma delas é que Ossório, ambicioso, não se contentou em repetir a cena da rotação da cabeça; ele simplesmente fez a menina girar todo o tronco, usando um efeito tão tosco que fez a cena ultrapassar os limites do ridículo. Outra: a possuída, ao incorporar a bruxa, assume sua aparência física. Se a menina já era feinha que só ao natural, imagine ela maquiada para parecer uma velha careca, com os dentes podres e um verrugão na bochecha? E como se não bastasse, a bruxa retorna ao terreiro para cumprir a promessa de sacrificar o bebê raptado. Por um momento, imaginei que não aconteceria, mas a menina mete a faca no bebê, dá o sangue para as discípulas beberem, e ainda come o braço do infante.
Se você acha que as barbaridades param por aí, se enganou. Além de infernizar a vida de sua mãe com obscenidades, ela ainda mata o namorado dela e coloca o pênis do infeliz dentro de um delicado embrulho, entregando o presente à mãe em plena delegacia de polícia!!
Aparte a história principal, ainda temos o subplot de um padre que trocou uma loiraça pelo sacerdócio, e tem que conviver com o fato da ex-namorada ter virado prostituta após ter sido abandonada. Isso não faz muita diferença, pois o exorcismo mesmo acontece rapidamente em um cemitério, quando, após o padreco expulsar o espírito da bruxa, a garota acaba morrendo empalada em uma enorme cruz de ferro. Um desfecho revolucionário, em se tratando de rip-offs de O Exorcista.
La Endemoniada é um filme cujo humor involuntário garante umas boas risadas em determinados segmentos – a velha careca não me sai da cabeça. Ossorio, apesar ser de claramente um cineasta que trabalhou nos limites do exploitation em sua obra – mesmo alguns de seus filmes menos grosseiros transparecem o baixo orçamento e apelam à violência gráfica – aqui mantém, na maioria das vezes, as câmeras longe da sangreira – não, não vemos o bebê sendo esfaqueado nem o pênis arrancado. Sábia decisão, pois o pouco que resta de seriedade na película se deve justamente ao impacto psicológico de algumas destas cenas imaginárias. Em suma, o filme pode ser fraco, mas consegue prender a atenção do espectador. |
|
| Fábio S. Ribeiro |
| 27/03/2005 |
|
|
|
|
