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::Rango de Boteco::
Ninja Operation III: Licensed to Terminate
Título(s) Alternativo(s): Ninja Operation: Lecensed to Terminate, Licensed to Terminate
Título Nacional: Operação Ninja III
Direção: Joseph Lai
Elenco: Richard Harrison, Grant Temple, Jack McPeat
Ano: 1988
País: Hong Kong
Duração: 90 min
Sinopse: Alpha é o nome do bebê que é a reencarnação do Príncipe da Justiça, que veio ao mundo para salvá-lo da dominação pelo maligno Império Negro Ninja. Dois guerreiros recebem a missão de protegê-lo: Gordon, o ninja do bem, e Rick, um valente caminhoneiro. Rick não desconfia que seu chefe, Coley, é justamente o mestre do Império Ninja Negro e que está tentando a todo custo encontrar o bebê salvador.
Comentário
Quando Chang Cheh e a Shaw Bros. resolveram fazer Marco Polo em 1975, não sabiam que estavam criando um monstro. O filme foi um de seus poucos co-estrelados por ocidentais, no caso o ator Richard Harrison, antigo astro de westerns e policiais italianos, na época em que a Shaw Bros. promovia co-produções com estúdios e produtoras européias, como a Hammer e a A-Erre Cinematografica. Até aí nada demais, Marco Polo é um filme bacana, mas abriu caminho para que Harrison criasse uma ligação com Hong Kong, que mais tarde iria marcar sua carreira (de maneira não lá muito honrosa) para sempre.

Acho que todo mundo lembra da febre dos ninjas nos anos 80 mas pouca gente se lembra que tudo começou quando o gente fina Mike Stone, um veterano dublê e expert em artes marciais (e em filmes também), escreveu o primeiro filme de ninja do ocidente. A produção, de 1981, era da Cannon, de Menahem Golan e Golan Globus, e Golan, diretor da fita, decidiu no meio da produção tirar o papel principal de Stone e escalar o italiano Franco Nero como o herói ninja, que ainda era uma figura bem famosa. Stone já havia filmado boa parte das cenas vestido de ninja, então coube a Golan refilmar algumas cenas onde Nero aparecia sem o capuz e juntar tudo. Assim nasceu Ninja - A Máquina Assassina, um grande sucesso da Cannon que abriu as portas para uma avalanche de filmes de ninjas, muitos produzidos por eles mesmos com Sho Kosugi (que merecia coisa melhor) e astros de fundo de locadora como Michael Dudikoff e David Bradley. Infelizmente, além da febre, Ninja - A Máquina Assassina também abriu as portas para o que alguns chamam de método "ctrl-c, ctrl-v" de criação de filmes de ninja.

O responsável pela popularização de tal método foi o produtor espertalhão de Hong Kong Joseph Lai (que, de acordo com algumas fontes, assina também como Tomas Tang), dono da IFD, que entre 1981 e 1988 deve ter jogado no mercado internacional pelo menos 30 filmes de ninjas, todas seguindo a idéia de Golan, onde o diretor pegava cenas de ação com ninjas, misturava com novas cenas e redublava tudo para tentar encaixar as coisas no lugar. Ah sim, e colocava um ator ocidental como protagonista, e já que Nero não estava disponível, pegaram Harrison, que até era um pouco parecido com o astro de Django.

Lai ou seu amigo Godfrey Ho, outro famoso picareta do oriente, pegava sobras de filmes antigos, a maioria nunca lançados comercialmente, e filmava novas cenas com Harrison e outros ocidentais. Até aí todo mundo já entendeu. O problema é que muitas vezes eles utilizavam filmes antigos que nem artes marciais eram, alguns eram fitas de brigas de gangue, outros até mesmo eram filmes de mafiosos que só tinham tiroteio!

Neste Operação Ninja III, o filme chinês original utilizado, ao que parece, era sobre um caminhoneiro que encontrava um bebê na rua, passava a criá-lo e logo entrava em conflito com mafiosos, já que aparentemente a mãe da criança fugiu das garras do chefão da quadrilha e queria esconder o filho dele. Digo que parece pois não existem referências sobre o filme original. Com a redublagem e as novas cenas, o caminhoneiro se torna Rick, o guardião involuntário do bebê (renomeado Alpha, o Príncipe da Justiça), que é o salvador do mundo, a encarnação de um guerreiro ninja que irá livrar o mundo da dominação do Império Negro Ninja! Isso mesmo, os ninjas querem dominar o mundo!

Harrison aparece como o ninja Gordon (é ou não é um puta nome de ninja?), suposto guardião secreto do guardião do bebê, num engenhoso artifício para explicar porque Gordon e Rick nunca aparecem juntos no mesmo plano! A trama prossegue com a história da fita original, onde volta e meia são inseridas seqüências de ninjas coloridos (com direito a faixa na testa com dos dizeres "Ninja" ou "Nin * Ja"), com Harrison sempre aparecendo quando outro ninja resolve assassinar Rick e o bebê. O interessante é que, enquanto o caminhoneiro e a criança passam por uma série de cenários, os ninjas assassinos sempre aparecem dando piruetas em um parque público, sem o menor sinal de suas vítimas! Aí seguem umas lutas de menos de 2 minutos, com armas de plástico embrulhadas em papel alumínio e um "The End" que aparece quase antes dos vilões caírem mortos no chão!

O pior é que, como disse antes, vários filmes de ninja foram feitos assim e, inclusive, este Operação Ninja III é parte de uma série de sete filmes sobre o tal ninja Gordon e o Império Negro Ninja! Isto sem contar outras pérolas como Ninja Kill, Metal Ninja e O Exterminador Ninja que sempre me fazem pensar sobre qual o tipo de substância que Menahem Golan tomava para botar na cabeça que Franco Nero tinha pinta de assassino de uma arte milenar japonesa...
Otávio Moulin
12/03/2005
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