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::Cinema-Bis::
La Conquista
Título(s) Alternativo(s): Conquest, La Conquista de la Tierra Perdida
Título Nacional:
Direção: Lucio Fulci
Elenco: Jorge Rivero, Andrea Occhipinti, Sabrina Siani, Conrado San Martín
Ano: 1983
País: Espanha/Itália/México
Duração: 90 min
Sinopse: A maligna e peladona feiticeira Ocron junto de seus seguidores domina os habitantes de uma terra pré-histórica e indeterminada. Para combater as forças do mal surgem Illyan, o jovem escolhido dos deuses e Mace, o bárbaro que fala com os animais.
Comentário
Lá pelos idos de 1983 a carreira de Lucio Fulci se encontrava numa encruzilhada. Ele havia assinado uma espetacular sequência de clássicos do horror desde o começo dos anos 80, mas seu último filme (o fraco Manhattan Baby) quebrou esse encanto. Insatisfeito com o resultado e posto contra a parede pelos produtores, ele agora iria encarar o desafio de dirigir uma cópia italiana do ótimo Conan, o Bárbaro. O resultado pífio nas bilheterias foi marcante para o declínio do mestre, que a partir daí teria que conviver com orçamentos merrecas, equipes técnicas de segunda linha e a progressiva piora de sua saúde física.

Conquest começa com um grupo de semi-deuses (ou algo que o valha) escoltando o jovem Illyan até a praia onde o rapaz irá começar sua jornada de bravura. O candidato a herói recebe deles um arco mágico que no momento adequado seria capaz de atirar flechas carregadas pelo poder do próprio Sol - e produzidas pelos mais capengas efeitos especiais disponíveis. Atravessando o mar com seu barco, Illyan chega até uma terra bárbara repleta de perigos na figura de Ocron, uma bruxa que pratica topless e usa uma máscara de dourada. A piranha engana a todos dizendo ser a responsável pelo nascer do Sol e os burros habitantes das cavernas acreditam sem pestanejar. Claro que eles não podem imitir nenhuma opinião contrária, uma vez que os servos de Ocron, homens-fera com uma fantasia capenga, costumam atacar suas casas e comer suas famílias. Para não deixar nenhuma dúvida de que estamos diante de um filme de Lucio Fulci, durante um desses ataques um velho consegue um crânio rachado e seu cérebro fica a mostra; e uma pobre mulher tem suas pernas puxadas uma para cada lado ao ponto de ser literalmente partida ao meio.

Depois de comer os miolos da garota e inalar uma substância muito suspeita numa rodinha junto de seus subordinados, a escultural Ocron tem um sonho onde um homem sem face armado de arco e flecha a mata sem cerimônia. Tudo leva a crer que Illyan será o salvador desse pessoal, mas não é bem isso que acontece. O cara se mostra um herói de meia-tigela logo no primeiro encontro com as capangas de Ocron pois assim que acabam sua flechas ele sai correndo que nem uma mariquinha. Para sua sorte e a continuidade do filme, surge Mace com seus indefectíveis nunchakus feitos de pedra lascada mandando todos os bandidos desta pra melhor. O bruto confessa que sua intenção foi salvar o arco de Illyan e pede para que o fracassado lhe ensine a manuseá-lo, ao mesmo tempo que revela ter a habilidade de conversar com os animais - mesmo que eles sejam aqueles toscos pássaros empalhados que apareceram no final de Manhattan Baby.

Mace leva Illyan até sua caverna-moradia e o apresenta a sua familia feliz, inclusive a uma linda jovem que o arqueiro havia salvo antes - o filme não diz se ela é filha de Mace ou não. Pena que assim que eles começam a se engraçar os homens-fera de Ocron surgem, colocam Mace para dormir e sequestram Illyan, mas não sem antes massacrar todos os parentes do bárbaro. Desperto e fulo da vida ele parte em novo resgate do amigo e assim as coisas andarão com Illyan sendo atingido por um espinho envenenado e como resultado boa parte de seu corpo fica repleto de nojentas pústulas - afinal esse é um filme de Lucio Fulci. Para curar o inútil, Mace deve buscar uma planta miraculosa, e claro, lutar contra horrendos monstros do pântano, e mais tarde com o superior de Ocron, o também mascarado Zora que assumiu a forma e os nunchakus de Mace. Deu pra acompanhar até aqui?

Depois numa imprevista inversão de papéis, é a vez de Illyan salvar Mace que fora amarrado numa cruz por um grupo de macacos-aranha. Infelizmente o rapaz continua sendo um zero a esquerda pois Mace é atirado dum precipício no mar e aí sim resgatado por meigos golfinhos. Novas surpresas chegam quando o molóide Illyan é mais uma vez capturado, e tem sua cabeça decepada (dá-lhe Ocron!). Mace leva o corpo inerte do rapaz para ser cremado - em detalhes gráficos vemos a carne ser decomposta, afinal esse é um filme de Lucio Fulci - e aparentemente assume o lugar destinado ao pretenso herói e passa a comandar o arco encantado turbinado com os raios solares. Agora com um real adversário em seu encalce, a bruxa Ocron é confrontada e se revela uma perfeita Raimunda (feia de cara e boa de b****), pois a sua face é mais pavorosa de que a de um zumbi.

Como puderam constatar, Conquest é uma doideira só. Apesar do roteiro fraco e dos efeitos mambembes, Fulci marca pontos importantes ao dar ao filme uma atmosfera surreal e quase onírica. A fotografia muda constantemente seu padrão de cor e aposto que você nunca viu um ambiente tão carregado de nevoeiro - em certos momentos os atores desaparecem diante de tanta fumaça. Será que Fulci se esqueceu de mandar os técnicos desligaram a máquina de gelo-seco ? O resultado fica bem abaixo daquele que o diretor poderia conseguir se tivesse as condições adequadas, e como consequência disto o filme teve repercussão apenas no México onde Jorge Rivero, que interpreta Mace, era um astro de cinema. Conquest vale sobretudo como curiosidade aos fãs de Lucio Fulci e mesmo com todas as suas falhas, pode facilmente ser considerado a melhor cópia italiana surgida na cola de Conan, o Bárbaro.
Leandro Caraça
13/03/2005
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