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::Rango de Boteco::
L'Ultimo Squalo
Título(s) Alternativo(s): The Last Shark, Great White
Título Nacional: Tubarão IV, O Último Tubarão
Direção: Enzo G. Castellari
Elenco: James Franciscus, Vic Morrow, Micaela Pignatelli, Joshua Sinclair
Ano: 1981
País: Itália
Duração: 88 min
Sinopse: a mesma de Tubarão.
Comentário
Esse aqui é o um caso clássico do que a picaretagem italiana é capaz. O termo cinema-bis se direcionava a filmes italianos que copiavam a estética, a temática e algo do enredo de produções que faziam sucesso ao redor do globo. Porém, O Último Tubarão extrapola qualquer falsa sutileza carcamana que livrava os produtores de serem processados por plágio e copia, praticamente na íntegra, o enredo de Tubarão, o sucesso mundial do então promissor Steven Spielberg. Como o nível de picaretagem estava mais alto que o de costume (tanto que no Brasil o filme saiu como um produto da franquia Tubarão) - e esse filme estava dando mais lucro que Tubarão 2 - Spielberg e cia. decidiram processar os italianos por plágio. O que eles não esperavam é que o diretor Castellari mostrasse que o filme tinha sido baseado num livro mexicano escrito anos antes de seu sucesso marítimo. Porém como italiano não-picareta não é italiano de verdade, eles "esqueceram" de dizer aos americanos que eles também não tinham comprado os direitos do tal livro mexicano, então os engravatados da Universal se juntaram ao autor do livro e o tribunal decidiu: qualquer cópia de O Último Tubarão que estiver circulando ao redor do mundo é uma cópia ilegal. Ou seja, caso ache O Último Tubarão ou Tubarão 4 em algum sebo, compre o mais rápido possível, já que o filme é uma raridade - o Brasil foi um dos únicos países privilegiados com o lançamento desse filme em vídeo (na verdade duas vezes!!!) e o filme vale muito a pena.

Como o roteiro é praticamente igual ao da obra de Spielberg, não vamos perder tempo esmiuçando a trama e similares, vamos pra parte que interessa: todo o sangue que a versão americana escondia, esse aqui mostra; se Spielberg (espertamente) quase não mostra o peixão pra criar suspense, aqui - mesmo não tendo 10% dos recursos - Castellari mostra o tubarão e todos seus dentes (de plástico) à cada ataque, mesmo que não tenha efeitos eficientes o suficiente pra isso (mais disso adiante).

Se comparássemos, o tubarão americano seria uma criança birrenta que morde os banhistas por manha, enquanto o tubarão do mediterrâneo é uma verdadeira máquina de matar, sedenta por sangue e capaz de qualquer esforço só pra ferrar com o dia de qualquer um que tenha ousado entrar na sua praia. Para se ter uma idéia, o nosso cartilaginoso amigo chega a derrubar um helicóptero - numa cena que seria homenageada anos depois no ótimo Pânico no Lago. Isso sem contar que ele come à seco as pernas de um coitado que é puxado pelo bicho enquanto pescava na beira do mar - vale lembrar que no filme do Spielberg o velhinho escapava são e salvo.

As maiores deficências do filme, entretanto, são duas: a ineficiência de Enzo G. Castellari em criar atmosfera de horror e os inacreditáveis efeitos especiais. Castellari sempre se mostrou um eficiente diretor de cenas de ação, e por isso não é à toa que filmes como O Vingador Anônimo e Keoma funcionem perfeitamente. Porém a impressão que fica nesse filme é que ele quer fazer uma versão adrenalinesca do clássico filme de Spielberg, no entanto, a falta de recursos - já que cenas de ação com um tubarão exigiriam certamente efeitos especiais muito mais eficientes - faz com que o filme fique com uma (irresístivel, é bem verdade) aura de filme B tipicamente italiana, com muita nudez e violência gratuíta. Mas os efeitos especiais extrapolam o limite: ainda que sejam eficientes algumas (algumas!) tomadas em que a cabeça do bicho sai da água, e alguns planos à contra luz que mostram uma miniatura nadando por baixo dos barcos, no total os efeitos ultrapassam a barreira do apenas risível para se tornarem hilários. Por exemplo, nas cenas em que o tubarão vai atacar os barcos, eles simplesmente usam uma maquete mecânica onde uma sardinha ataca um barco visivelmente de plástico - é sério! E a cena em que o tubarão morre se figura entre uma das cenas mais fantásticas desde que os irmãos Lumière filmaram um trem.

Junto com Mako - O Tubarão Assassino, O Último Tubarão figura-se entre os melhores filmes sobre tubarões feitos depois do estrondoso sucesso do filme que alavancou Spielberg. Alguns anos atrás, Renny Harlin acertou em cheio ao fazer um filme de ação com tubarões, o divertidíssimo Do Fundo do Mar, que não poupa o espectador de sangue e vísceras e que tem efeitos especiais tão ruins que parece uma versão século XXI dos filmes italianos. E o fato dos bichos serem tão filhos da puta neste quanto nos italianos só acrescenta algo mais ao prazer.
Diogenes L. Cesar
03/04/2005
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