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::Bye Bye Brazil::
Gaiola da Morte
Título(s) Alternativo(s):
Título Nacional: Gaiola da Morte
Direção: W. A. Kopeski
Elenco: Paulo Zorello, Cláudia Abujamra, Mestre Maurício, Laerte Ferrir, Nicanor Majado Filho
Ano: 1991
País: Brasil
Duração: 80 min
Sinopse: O campeão mundial de full-contact Paulo Zorello envolve-se em uma trama de violência e morte, depois que um dos lutadores da sua academia desaparece ao viajar para um misterioso campeonato.
Comentário
O final dos anos 80 e início dos 90 foram marcados por um fenômeno que assolou as locadoras: os filmes de kickboxing. Normalmente os enredos das fitas eram mero pretexto para amontoar o máximo de porradas e o maior número possível de caretas dentro de 90 minutos. É o caso desse Gaiola da Morte.

Embora o Brasil não seja exatamente uma potência do gênero, Gaiola da Morte pode ser considerado uma curiosa resposta nacional aos filmes desse tipo. O elenco reunido pelo produtor Fauzi Mansur e o diretor Kopeski fala por si só: além do campeão mundial de full contact da época, Paulo Zorello, há um punhado de outros lutadores desconhecidos do grande público, incluindo aí nomes do quilate de Mestre Maurício, só para citar um deles.

A trama também segue a mesma linha. Nicanor, lutador da academia de Zorello, é convidado para um obscuro campeonato de kickboxing e nunca mais retorna. Aí a irmã do lutador sumido pede ajuda de Zorello para encontrar o irmão. Em pouco tempo, os dois descobrem uma espécie de pousada que é palco de um esquema de lutas clandestinas, onde os participantes são mantidos como prisioneiros e obrigados a se enfrentarem até a morte em grandes gaiolas cercadas por espetos de bambu. Não é difícil deduzir que Zorello e a irmã do sujeito se apaixonam, e nem que o campeão desce a lenha em todo mundo até o final da fita.

Como a maioria dos filmes baratos de kickboxing, Gaiola da Morte tem muitos problemas, a começar pelo seu protagonista. Paulo Zorello pode ter sido um grande lutador, mas seu desempenho como ator é abominável. Além disso, o bigodinho canastra e a jaqueta laranja com cordinhas que ele veste em boa parte do filme - inclusive quando está surrando bandidos - tornam impossível qualquer tentativa de se levar o cara a sério. Adicione a isso o roteiro fraquíssimo, que expõe Zorello a falas como "puxa, você está sombria!", e pronto, temos um mico e tanto.

Ainda sobre o roteiro, há situações que desafiam a compreensão e a inteligência do espectador. Um exemplo é a cena onde Zorello e a garota escapam de serem envenenados por um gás enquanto dormem; na seqüência seguinte, vemos nosso herói tomando um café da manhã tranqüilamente, como se tentativas noturnas de envenenamento não fossem o suficiente para, no mínimo, recusar tudo o que viesse da cozinha do tal lugar.

Mas os momentos mais divertidos de Gaiola da Morte estão sem dúvida alguma no vilão do filme. O sujeito é uma verdadeira piada ambulante: além do tapa-olho, do cachimbo e das gargalhadas malignas, a roupa do homem é algo parecido com um saco de lixo que foi passado em um cortador de papel. Com tudo isso, ele ainda tem a principal virtude de todo grande vilão: você passa o filme todo torcendo para que o cara seja espancado até a morte.

O esquisito uso dos efeitos sonoros também é digno de nota. Em determinados momentos, chutes soam como tiros, e vice-versa. A coisa é tão grave que se o espectador fechar os olhos, pode pensar que está diante de um western. Outro problema é conseguir entender quem é quem nas brigas que envolvem vários personagens - como os lutadores menos conhecidos aparecem pouco durante a trama, o que vemos na hora da pancadaria é um monte de capoeiristas trocando voadoras a torto e direito, tornando difícil de identificar quem são os "bons" e quem são os "maus".

Por fim, Gaiola da Morte possui o pior defeito que um filme de porrada pode ter: as lutas são muito mal coreografadas. O elenco, composto por vários lutadores profissionais na vida real, simplesmente parece perder as habilidades na tela. No geral, os movimentos são lentos, os golpes são previsíveis e os momentos de realismo não existem. Uma verdadeira decepção, já que o conhecimento dos lutadores poderia ser muito melhor aproveitado - incluindo aí o talento do próprio protagonista, Paulo Zorello, um atleta espetacular que foi três vezes campeão do mundo, com 30 vitórias em 30 lutas. Não bastasse isso, o espectador ainda é brindado com uma cena capaz de causar derrames nos fãs de Jackie Chan: um sujeito leva uma cacetada e cai de uma altura de cerca de dez metros... sobre um monte de feno. Constrangedor é pouco.

Enfim, com todos os seus defeitos e atuações terríveis, Gaiola da Morte é uma rara e interessante incursão brasileira no cinema de artes marciais, e também uma prova irrefutável de que o sucesso nos ringues do mundo inteiro não é garantia de triunfo nas telas. Fãs do gênero têm tudo para se divertir a valer.
Gustavo Cavinato
05/2007
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