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::Rango de Boteco::
Bloodsucking Freaks
Título(s) Alternativo(s):
Título Nacional:
Direção: Joel M. Reed
Elenco: Seamus O’Brien, Louis DeJesus, Niles McMaster, Viju Krim, Allan Delay
Ano: 1976
País: EUA
Duração: 88 min
Sinopse: maluco diretor de teatro – dono do Theatre of the Macabre – seqüestra mulheres com o intuito de performar grotescos números envolvendo tortura, mutilação e sadomasoquismo, ante seleta platéia ávida por fortes emoções.
Comentário
Grosseiro, apelativo e deliciosamente divertido. Assim é Bloodsucking Freaks. Mas que não se leve a sério a história. Trata-se de competente comédia de humor negro que vai até as últimas conseqüências na construção de cenas absurdas, sanguinolentas e propositalmente cômicas. Nessa viagem repugnantemente engraçada, somos introduzidos a Sardo – o diretor amalucado – e Ralphus – seu ajudante negro e anão, o Chumbinho lá dos gringos. A dupla é impagável. Sardo, não fosse seu indisfaçável sotaque ianque, bem poderia ser tomado por algum aristocrático súdito da Rainha Vitória, tal é a fleuma com que apresenta o espetáculo. Chumbinho (ôps, Ralphus!) parece uma versão miniatura de um globetrotter: cabelo black power, barbona, ginga de malandro e uma cara de sacana que valha-me deus! O contraste entre os dois personagens é interessantíssimo e nos faz ansiar sempre por vê-los juntos em cena. Fato que, felizmente, ocorre com freqüência no curso do filme.

Logo no início da estória, um furgão chega ao Teatro trazendo em caixas a sua preciosa matéria prima: senhoritas convidadas, sem possibilidade de recusa, a participarem ativamente no espetáculo. E vamos ao show! No primeiro número, uma mocinha, devidamente despida, com direito a nu frontal, (afinal, isso aqui é exploitation) sofre horrores amarrada a uma cadeira. Sob os cuidados do gentil Ralphus, tem os dedos cerrados e, em seguida, a cabeça apertada por um aro de ferro. Evidentemente, a mocinha não resiste aos afagos e morre, para delírio do público presente, que toma tudo por brilhante encenação. Mas o número principal, galantemente anunciado por Sardo, vem a seguir: desmembramento. Outra “atriz” surge no palco para ter a mão separada do braço. A um comando de Sardo, Ralphus, talvez apanhado de fome súbita, arranca então os olhos da desafortunada e devora-os com gosto. A platéia, no meio da qual estão conhecida bailarina e o seu namorado, um astro de futebol americano, se delicia e irrompe em aplausos. Um dos assistentes, contudo, não parece partilhar do entusiasmo dos demais. Rapidamente descobrimos o porquê. Trata-se de um crítico de teatro. O chato logo passa a proferir impropérios contra Sardo e o espetáculo, desdenhando de suas pretensas qualidades artísticas. Além de chato, o sujeito é imprevidente. Na cena seguinte, já o vemos a ser seqüestrado e levado às catacumbas do Theatre of the Macabre (e você achou que num filme desses não ia ter cenas de catacumbas?). Lá, o infeliz é obrigado a presenciar toda sorte de atrocidades imaginadas por Sardo, até que se convença da inegável qualidade do show.

E tome violência!

Uma inocente é fritada em uma engenhoca que dá choques elétricos (além de Torquemada, o filme também parece ter sido assessorado pelo antigo pessoal do DOPS), outra tem a língua arrancada e por aí vai. No curso das torturas, descobrimos a razão pela qual as vítimas obedecem a Sardo: são condicionadas, mediante administração de dor, a reconhecê-lo como mestre supremo e controladas com o uso de um apito (não faço idéia de como o processo possa atingir o resultado, mas, enfim...). Com o escopo de comprovar ao crítico, de uma vez por todas, sua superioridade artística, Sardo resolve “dar emprego” à conhecida bailarina que estava presente, no início do filme, na platéia. Seqüestrada, é também levada para os subterrâneos do Theatre of the Macabre, onde passa pelo processo de doutrinação. A bailarina parece mais resistente do que as outras “atrizes”, mas, ao fim, acaba por sucumbir, principalmente após presenciar cena em que uma dançarina, que insiste em não integrar a trupe, tem os pés serrados e passa a se arrastar, agonizante e sem rumo, pelos negros túneis mortuários do Teatro.

É nesse trecho do filme que o personagem mais bizarro aparece: o médico. Chamado para cuidar da sofrida bailarina, recebe, como “pagamento”, a possibilidade de perpetrar uma “operação” em uma das cativas. De início, resolve arrancar-lhe todos os dentes com um alicate, para garantir que não ela não venha a mordê-lo. Mordê-lo? Sim, desprovida dos dentes, fica incapacitada de mastigar-lhe o pênis, quando este é introduzido em sua boca (provavelmente, trata-se de algum método anestésico experimental). Depois da felação, o diligente médico passa, então, à “cirurgia”, que consiste na abertura de um canal no topo da cabeça da vítima, mediante o emprego de uma furadeira, no qual é introduzido um canudo. Como se estivesse diante de um saboroso milkshake, o médico passa a sugar o conteúdo cerebral, enquanto Sardo e Ralphus assistem a tudo (até eles!) com ar de repugnância.

Alarmado com o repentino sumiço, o namorado da bailarina, o tal astro de futebol, procura ajuda na polícia. No departamento, encontra um sargento ítalo-americano, que diz logo ao que veio. Sem pagamento, nada na polícia funciona. Inicialmente, o sujeito resiste, mas, ante a recusa do sargento em proceder às investigações, resolve pagar a propina. Assim feito, não demora muito para que o policial descubra que, além da bailarina, também o crítico está desaparecido. Feita a óbvia ligação, o sargento vai até Sardo assuntar. Ao ser por esse informado de que o haverá um show especial, aproveita a oportunidade para extorquir dinheiro também do diretor (até de psicopata o cara é capar de exigir ajuda de custo), sob a ameaça de embargar o espetáculo. Pressionado pelo policial, Sardo também confessa que, além de servirem de “atrizes”, as seqüestradas são usadas como escravas brancas e exportadas para o Oriente Médio. No meio tempo, permanecem cativas em uma jaula nas profundezas das catacumbas, onde, inclusive, em um alçapão, Sardo mantém escondido o dinheiro ganho com seus empreendimentos.

Na noite do show especial, e após conseguir falar com a namorada fujona, que, devidamente condicionada, alega ter livremente se unido a Sardo, porque somente ele é capaz de entender a suprema arte, o astro de futebol, em companhia do sargento, assiste, da platéia, à bailarina dançar e desferir pontapés no pobre do crítico. Amarrado no palco, esse é espancado até a morte. Depois do show, o sargento e o astro de futebol invadem as catacumbas do Theatre of the Macabre para libertar a pobre bailarina e por um fim às atividades macabras de Sardo, mas as coisas vão mal e tudo termina em uma festa de sangue com direito a machadadas na cabeça, eviscerações e até uma final e hilária dança com tripas (!?) promovida pelas ensandecidas cativas libertas.

O enredo lembra filmes como Theatre of Death (com o eterno Vincent Price) e Wizard of Gore (do rei da tosqueira Herschell Gordon Lewis), mas se diferencia do primeiro, obviamente, pela precariedade da produção e, também, por ser totalmente escrachado, e, do segundo, por ser mais bem realizado. Para quem gosta de humor negro e extremo, é, definitivamente, uma ótima diversão.
Fabrizio Barberini
05/03/2005
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