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::Bye Bye Brazil:: |
No Calor do Buraco |
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Título(s) Alternativo(s):
Título Nacional: No Calor do Buraco Direção: Sady Baby Elenco: Sady Baby, X-Tayla, Luana Scarlett Ano: 1987 País: Brasil Duração: 83 min Sinopse: Ahn.... uhn.... eh.... |
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Quem acha que o anão Chumbinho descendo pela privada ou Jesus (interpretado por Décio Pinto) conversando com um sertanejo evangélico era o máximo de bizarrice que este site iria promover, bem, senhoras e senhores, conheçam Sady Baby.
Há quem diga que a linha que separa os gênios excêntricos dos idiotas loucos é bem tênue, quase inexistente, e Sady Baby está aqui para provar isso (assim como também prova a máxima que "qualquer um, qualquer um MESMO, pode fazer um filme"). Sady Baby era um artista performático (e antes tinha sido um jogador do Fluminense) que viajava o país, em seu ônibus, fazendo espetáculos do Oiapoque ao Chuí. Vale dizer que esses espetáculos eram peças de teatro pan-sexuais explícitas. Entre uma performance e outra, fazia filmes (provavelmente baseado nas próprias peças). E que Deus tenha piedade de nossas almas.
É simplesmente impossível de se explicar um filme de Sady Baby. Tem que ver. Tem que sentir. E antes de analisarmos No Calor do Buraco, resumemos um pouco da carreira fílmica desse excepcional (e tome "excepcional" no sentido que quiser) e singular autor nacional: em Emoções Sexuais de um Jegue, além de uma mulher masturbando um jegue falante, temos um ex-detento que tem como passatempo passar AIDS a um monte de pessoas (copulando com elas num caixão de papelão - entendeu a metáfora buñuelesca?) e no ato final faz um massacre com uma serra-elétrica (hum...) num bordel enquanto ocorre uma orgia gay; em O Ônibus da Suruba, temos uma cena em que um dos passagerios do ônibus defeca pela janela e começa a dançar; e Máfia Sexual é um filme pornô com o Pedro de Lara.
Mas, acredite, nada, mas nada se compara à magnificência absurda que é esse espetáculo chamado No Calor do Buraco. Afinal, um filme que começa com o protagonista estuprando uma árvore é algo inédito (principalmente se analisarmos que a cena não tem NADA a ver com o resto do filme). As más línguas dizem que os filmes de Sady Baby saíam desse jeito pois ele gostava de se "inspirar" através do consumo de substâncias psicotrópicas, e eu tenho até medo de pensar o que ele teria tomado dessa vez, já que, da cópula andrófila pra frente, o filme só vai ladeira abaixo. E ainda tem gente que diz que Neville D'Almeida seja um devasso, tsc tsc (mas que fique bem claro que, de maneira alguma, estou vilipendiando o mestre Neville, um dos últimos gênios em atividade no cinema nacional).
Como o leitor deve ter percebido, não coloquei uma sinopse do filme, porque simplesmente não há uma trama perceptível, ou sequer algo perto disso. Começa com o Sady Baby estuprando a árvore, depois uns jagunços estupram uma moça morena, Sady Baby mata esses jagunços, corta pro Sady Baby estuprando uma loira, depois mostra um mendigo barbudo e tarado que colocou um bico de mamadeira numa garrafa de cachaça e enche a garrafa de leite, e fica o filme inteiro babando leite, mostra também o Sady Baby chegando na fazenda, lá pro meio um velhinho enfia o dedo no ânus de um porco (que reclama e diz "caralho, tira o dedo do meu cú, porra"). O velhinho fica falando "é no calor do buraco que a coisa fica boa". Depois não sei porque Sady Baby e a loira que ele estuprou saem fugindo de algo, cortando então para uma suruba gay, o casal mata um caminhoneiro e rouba seu caminhão e FIM. Sacou? Nem eu.
Por que o filme começa com o Sady Baby estuprando uma árvore?
Finalizando, deixo aqui todo meu respeito a esse senhor, um gênio/idiota-macabro a ser descoberto, e cujas contribuições ao mundo não pararam na sétima arte. Foi ele quem cafetinou a Big Brother Antonella, anos antes de ela se tornar felina da Playboy, quando ainda trabalhava no seu "night club". O nome do recinto? "Soltando a Franga", nome de outro filme desse enigmático personagem da margem do cinema marginal. |
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Diogenes L. Cesar |
29/03/2005 |
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