Três anos depois, cinco convidados vão passar uma temporada no Herschel Wellness Resort, uma casa de saúde afastada da cidade e cujo dono é... Bem, pelo nome do lugar não é muito difícil inferir. Aos poucos, revelam-se detalhes da vida pregressa de cada um: o negociante de drogas, a ex-prostituta, o político influente e a esposa que usou de favores sexuais para alavancar sua carreira, o jovem envolvido em um acidente não-resolvido. Apenas a razão de estarem ali parecia uni-los: chantagem! Uma carta recebida por cada um deles prometia detalhar seus "esqueletos no armário", delatando fatos sobre o passado que eles preferiam esquecer.

Sabe a acusação típica aos slasher movies sobre falta de roteiro e o fato de isso ser usado como explicação para mortes intermitentes intermináveis? Então, aqui a coisa degringola de vez, só que para outros lados. Não bastasse diretor e roteirista conseguirem suplantar em criatividade as mortes perpetradas por Jason, Krueger, Myers e talvez equiparar as da franquia Premonição, ainda apelaram de forma desaguerrida para cenas de nudez, que povoam ostensivamente o celulóide, interrompidas apenas para ceder lugar às cenas em que o protagonista-vegetal fabrica seus cadáveres usando da telecinese adquirida na contrapartida do coma.

Que diabos! O filme tem sim falhas gritantes, foi no embalo do sucesso de um filme australiano de nome Patrick (a cara-de-pau carcamana não poupou nem o título do filme copiado), é recheado de situações que beiram o ridículo (embora nunca sejam de fato cômicas), esbanja nudez gratuita (nu frontal feminino e masculino) e mortes apelativas, mas é um guilty pleasure: um daqueles filmes que todo mundo sabe que é ruim, mas acaba gostando sabe-se lá por quê.

Posto isso, há também fatos interessantes. Algumas das mortes idealizadas por Patrick parecem ter um caráter punitivo, como se as pessoas morressem através do que elas gostavam de fazer. O primeiro a morrer – Lyndon Kraft, o político – é cozinhado na piscina borbulhante quando resolve nadar à noite, dando lugar a um dos cadáveres mais simpáticos, cortesia da maquiagem bem produzida. Mais cedo é mencionado que ele era um exímio nadador. A melhor morte (hã?), a da acompanhante do traficante, é inacreditável! Fugindo, ela acaba trancafiada em uma cozinha, onde é trespassada por um daqueles ferros com que se mexe o fogo em lareiras. A cena é explícita: com o ferro entrando na vagina da mocinha (no sentido literal!) e atravessando todo o seu dorso, ela se contorce até o vermos sair pela boca. A mesma mulher que tentou dar pra todo mundo o filme inteiro e ninguém se dignou a aliviar sua volúpia incontida, limitando-se a chamá-la por adjetivos pouco elogiosos e bastante humilhantes. Coincidência?

Ok. Bastou uma piadinha do garotão David Davis, o filhinho de papai importante, sobre uma das criadas gostar "muito" de animais para Patrick decidir fazer com que ela fosse comida (não no sentido imaginado por Davis) pelos mesmos cães com que ela costumava se atracar porque eles eram "muito bonitos". Há ainda o negociante de drogas, que morre asfixiado por misteriosa fumaça brotada Deus sabe de onde dentro de um carro fechado. E que tal um médico envenenado pelo conteúdo de uma seringa, instrumento típico do seu ofício?

Outro fator que chamou atenção para o filme, além da cena do empalamento a seco, é quando Patrick põe em transe a funcionária da clínica (interpretada pela linda e escultural Anna Veneziano) e faz com que ela se dispa e comece a se masturbar ao seu lado (coisa bem típica de sleazy movie!). Sem contar as mortes ainda não citadas: um gancho enferrujado rasgando e levantando um rapaz pelo pescoço e uma cabeça decepada pela janela de um carro (!!!).

Mesmo padecendo de um lamentável estoque de efeitos especiais, o filme consegue a proeza de segurar-se no que os italianos têm de melhor: climas e ambientações. O Palazzo Braschi, castelo escolhido como locação, é o mesmo onde foram rodados Le Notti del Terrore (Andrea Bianchi) e La Bimba di Satana (Mario Bianchi), ambos, assim como Patrick Vive Ancora, lançados em 1980 (o que faz crer que a rotatividade no castelo deveria ser bem freqüente à época). A fotografia alterna momentos bons (quando explora as sombras; poucas, infelizmente) àqueles que dominam o filme, com um excesso de cores berrantes conferindo-lhe um visual bastante datado, típico da primeira metade dos 80. O clima de pesadelo é realçado pela excelente música de Berto Pisano, que emula os melhores momentos de Claudio Simonetti, chegando às raias legalmente aceitáveis da coisa.