Sessão de hoje► | Opiniões | Como funciona | Resenhas | Fórum | Links | Equipe | Contato
Página inicial

::Bye Bye Brazil::
Olhos de Vampa
Título(s) Alternativo(s):
Título Nacional: Olhos de Vampa
Direção: Walter Rogério
Elenco: Joel Barcellos, Marco Ricca, Washington Luiz Gonzales, Antônio Abujamra, Cristiane Triceri
Ano: 1996-2004
País: Brasil
Duração: 80 min
Sinopse: Crimes em série aterrorizam o bairro de Pinheiros, em São Paulo: jovens mulheres têm todo o sangue de seus corpos sugado através de uma pequena mordida na nádega direita, e são encontradas amarradas com fita isolante nos pulsos e um pêssego enfiado na boca. Dois policiais (um detetive e um fotógrafo) são encarregados investigar o caso, mas acabam por se envolver de maneira cada vez mais suspeita com os assassinatos.
Comentário
Para quem sentia falta de sacanagem no chamado cinema da retomada, OLHOS DE VAMPA representa, sem dúvida, uma esperança. Dirigido por Walter Rogério (de Beijo 2348/72), faz uma rara homenagem aos filmes erótico-policiais da Boca do Lixo dos anos 1970, chegando mesmo a exibir as típicas cenas de strip-tease. A idéia de abordar o tema dos serial-killers, dialogando com o cinema de terror, é outra novidade que o filme traz para o universo da “retomada”. 

Infelizmente, OLHOS DE VAMPA, finalizado há mais de dez anos (em 1996), não chegou a ser exibido comercialmente nos cinemas. Por uma série de problemas relativos à pós-produção e à distribuição, os produtores optaram por lançá-lo apenas em vídeo e DVD em 2004, o que impossibilitou o cada vez mais necessário teste desse gênero de filmes nas bilheterias do cinema brasileiro.

Mas, apesar de trazer novidades relativas à escolha do tema e a um clima cafajeste que hoje anda em falta no nosso cinema, o filme de Walter Rogério tem tudo para mofar nas locadoras, pois não consegue oferecer nem uma experiência interessante no gênero e nem uma homenagem consistente ao cinema da Boca do Lixo. No meio do caminho entre drama e comédia, o filme não se leva a sério e nem ri de si mesmo o suficiente para funcionar.

Tudo começa quando a polícia encontra, no parque Ibirapuera, uma bela jovem em situação nada convencional: amarrada, com um pêssego na boca e morta por hemorragia, ela será a primeira de uma série de popuzudas (uma delas “interpretada” por Mari Alexandre) encontradas na mesma posição ao longo do filme. O assassino logo será apelidado de Vampa, numa referência ao seu hábito de chupar o sangue das vítimas.

Pressionados pela sociedade e pelo comando da polícia, mas sem nenhum suspeito em mente, os policiais interpretados por Marco Ricca e Washington Luis Gonzales decidem perseguir uma stripper (Cristiane Triceri) que, segundo eles, tem uma bunda irresistível, e observar os homens que a assediam, na esperança de encontrar o assassino. É desse momento que o filme extrai suas passagens mais interessantes, com cenas pseudodocumentais que registram essa verdadeira “paixão nacional” através dos olhares masculinos.

Mas tudo começa a desandar (para o filme e para os personagens) quando os policiais finalmente “descobrem” Vampa (Joel Barcellos) numa fotografia obtida na cena de um dos crimes. A partir daí, sua identificação e perseguição acontece em várias situações forçadas, e com a introdução de uma personagem bizarra cuja única função na trama parece ser a de ser bizarra: trata-se da mulher com quem vive o assassino, uma catadora de lixo que se veste como mendiga e não fala coisa com coisa, mas que ganha uma tal importância na história que nos faz perguntar o que o roteirista, afinal, tinha na cabeça.

Além disso, nem a investigação dos policiais e nem os poucos e anticlimáticos flashbacks esclarecem devidamente dois pontos-chave, que acabam ficando soltos: o significado do pêssego e o mecanismo usado para extrair o sangue das vítimas. Como a história se concentra na investigação, também explora pouco o suspense em relação às mortes, elemento que poderia garantir pelo menos uma atmosfera de thriller. Ainda assim, há alguns bons momentos de tensão, especialmente na última perseguição ao bandido Vampa.

Para piorar, na parte final, a história, que começara contada de maneira bem objetiva e direta, se perde num desfecho mal explicado, cuja montagem torna confusa até mesmo a passagem do tempo. A idéia talvez fosse a de produzir um final mais aberto e anárquico, mas a impressão que fica é apenas a de uma enorme confusão.

Trata-se, no fim das contas, de uma tentativa v álida. Mas o novo cinema de terror/suspense brasileiro precisa urgentemente de bons roteiros (e de produtores mais corajosos), ou será abandonado de vez nas prateleiras das locadoras.

Roteiro: Walter Rogério (adaptação do conto “Rum para Rondônia”, de Luiz Roncari)
Fotografia: Cláudio Portioli
Montagem: Michael Romay

Laura Canepa
04/2007
Onde Conseguir
- DVD World - Locadoras
Opiniões dos visitantes
Participe também do nosso fórum de discussões!
◄◄Filme anterior | ◄Todos os filmes► | Filme de hoje► | Próximo filme►► | Topo