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::Rango de Boteco::
Challenge of the Tiger
Título(s) Alternativo(s): Gymkata Killers, Gymkata Killer
Título Nacional: O Desafio do Tigre
Direção: Bruce Le
Elenco: Bruce Le, Richard Harrison, Bradford Harris, Hwang Jang Lee, Bolo Yeung
Ano: 1980
País: Hong Kong
Duração: 96 min
Sinopse: Quando cientistas do Departamento de Técnicas do Controle de Natalidade desenvolvem um esterilizante superconcentrado, meio mundo sai à caça da fórmula secreta e apenas dois homens podem podem evitar que ela caia nas mãos erradas: os agentes 005 e 006.
Comentário
Você vai a uma locadora garimpar aquele seu filme para o fim-de-semana e então, como fã de artes marciais, estranha quando pega a capa de O Desafio do Tigre e vê um desenho do velho Bruce Lee em uma voadora frontal. Pensa, não sem muita razão: “Estranho que eu não conheça esta fita do velho Dragão”. O programa do final de semana tá garantido.

Você chega em casa, coloca a fita no vídeo e se depara com a inacreditável história de um grupo de cientistas que desenvolve a fórmula de um esterilizante letal para toda as espécies que com ele entrarem em contato. Estranhando o enredo, pega novamente a capa da fita que confirma a primeira impressão, dando conta de uma história pra lá de bizarra e sem qualquer relação com os filmes de Bruce Lee. Olha novamente a capa, agora se prendendo aos detalhes.

Aquela supressão da vogal no sobrenome do ator na capa da fita não foi um acidente que passou por algum revisor distraído, não. Bruce Le é o nome artístico de Kin Lung Huang, um dos famosos clones de Bruce Lee. Neste caso, além de estrelar o filme, Le assina também a direção e o roteiro, que tem mais buracos que a superfície da lua. Se o seu senso de humor é suficientemente malvado para fazer com que você se divirta com a falta de traquejo alheia, você fez um excelente negócio alugando este rip-off deliciosamente vagabundo.

Le não sabe dirigir, atuar ou mesmo escrever roteiros e nem como um genérico ele convence muito bem. Não que se possa esperar muita seriedade de um subgênero chamado Bruceploitation (que consiste em homenagens/cópias dos filmes de Bruce Lee). Sua popularidade é mínima se comparada aos expoentes Bruce Li ou Dragon Lee, mas a característica que faz com que estejamos falando deste filme aqui não é o talento, nem tampouco a popularidade, mas sim a diversão. E O Desafio do Tigre é muito, muito divertido.

Pra início de conversa, fica difícil saber por que razão todos os países do mundo ficam interessadíssimos em um espermicida superpotente, em uma trama que envolve a CIA (!), uma organização de vietcongues (sim, não são vietnamitas não, são vietcongues!!!) e terroristas de Hong Kong. A dupla central de agentes, feita por Bruce Le e Richard Harrison, passa grande parte do filme lutando com figurantes surgidos de sabe-se lá onde ou em situações hilárias (quase sempre a cargo do braço direito do herói, daquele tipo que sempre tem que ser salvo pelo protagonista) para recuperar a tal fórmula.

A cena em que somos apresentados ao coadjuvante é antológica. Em uma mansão repleta de mulheres nuas, Harrison se diverte quando é interrompido pelo telefonema no qual ele é recrutado para a missão. Não há como não destacar a partida de tênis entre ele e uma das garotas de topless, toda passada em câmera lenta. Uma obra-prima, daquelas em que você só consegue parar de rir quando a sua barriga ou o maxilar já estão em frangalhos. Diversão de verdade. E o filme só está começando.

Difícil não destacar também o uso das músicas, encaixadas de forma tão incoerente durante todo o decorrer do filme, que elevam os momentos de comédia não-intencional a patamares aquém de nossa compreensão, muitas vezes sendo o elemento chave para tornar determinada seqüência realmente engraçada. Sem contar que as músicas são roubadas na cara-dura de outros filmes. O exemplo mais óbvio é a música-tema da série O Besouro Verde. Não por acaso co-estrelada por um certo Bruce Lee...

Por último, mas não menos importante, a cereja do bolo: após o turbulento encontro inicial entre Harrison e Le, fica acertado que o lugar onde eles deveriam se encontrar deveria ser um lugar menos perigoso que a frente de um hotel (já devidamente ornado com corpos de capangas sovados em uma luta recente). Mas, que lugar seria esse? Ora, uma arena de touradas, claro! Após um pouco de blá blá blá, um bom número de tiros disparados e a coça providencial nos malfeitores no picadeiro – digo, na arena –, eis que surge com toda a sua imponência aquele que seria até ali o inimigo mais mortal da vida do protagonista: o touro. Qualquer descrição do que ocorre daí pra frente é insuficiente pra se ter uma idéia do quanto a seqüência da luta é hilária. O diretor decidiu substituir a violência explícita de uma cabeça de animal estourada por um certeiro caratê em desenho estilizado de uma cabeça de touro de onde brotam rachaduras vermelhas também sobre um fundo vermelho. Coisa de gênio!

Enfim, um filme indicado para todos aqueles que entendem que o verdadeiro espírito do cinema não está apenas em superproduções, encanações mil, papos-cabeça e roteiros mirabolantes. Pode-se achar a chama crepitando em qualquer low-budget feito com amor e sinceridade, em homenagens levadas a cabo com mais vontade que talento. Mesmo que você goste delas pelos motivos teoricamente errados. Mas isso, além de um exercício de cinismo, é só um mero detalhe.
Vinnie Bressan
26/02/2005
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